Poupança pagará imposto em 2010
Última proposta levada até Lula é taxar aplicações acima de R$ 50 mil
Fabio Graner e Rui Nogueira
O governo pode anunciar hoje a cobrança do Imposto de Renda (IR)  das cadernetas de poupança acima de R$ 50 mil a partir de 2010. A nova regra  será acompanhada de um corte temporário, válido apenas este ano, na tributação  dos fundos de investimento. Essas propostas serão levadas pelo ministro da  Fazenda, Guido Mantega, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 
Até  ontem à noite, a equipe econômica ainda avaliava se a cobrança do IR na poupança  deveria ser adotada por meio de projeto de lei ou medida provisória (MP). Também  estava em discussão se os investimentos em renda fixa seriam taxados com a  alíquota de 15%, independentemente do prazo, ou se haveria alíquotas  diferenciadas. A Receita Federal calcula que deixará de arrecadar em torno de R$  2 bilhões até o fim do ano. 
Como o governo cedeu às pressões políticas e  recuou da proposta de alterar o rendimento mínimo (além da variação da TR) de  6,17% da poupança, a redução do IR incidente sobre os fundos de investimentos  tornou-se necessária para que o ganho dessas aplicações continuem mais atrativos  que os rendimentos das cadernetas. Sem isso, o BC não conseguirá manter o  processo de queda da taxa de juro básica, a Selic, atualmente de  10,25%.
O governo poderia esperar pela próxima reunião do Copom, marcada  para o dia 9 de junho, para anunciar as novas regras. No entanto, o nível de  irritação com os ataques da oposição reforçou o entendimento de que não é  possível ficar a reboque das críticas, muito menos deixar a população na dúvida  sobre se os ganhos da poupança serão ou não reduzidos pelo governo. 
Os  ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo  Bernardo, insistiram, mais uma vez, que o governo não vai  prejudicar o pequeno poupador. O objetivo, segundo eles, é inibir a migração de  recursos dos fundos de investimento para a poupança, atraídos pelo melhor ganho.  
Bernardo garantiu que o governo não fará alterações nas  regras de rentabilidade da caderneta "da noite para o dia". "A poupança é um  instrumento sagrado de proteção da economia popular e não seria o presidente  Lula que mudaria isso", afirmou o ministro, durante audiência pública da  Comissão Mista do Orçamento no Congresso.
Ele voltou a  criticar o "caráter especulativo" que a discussão tomou, em razão de propagandas  dos partidos de oposição, e expressou a preocupação de que os grandes bancos  privados também direcionem as aplicações para a poupança, o que colocaria em  risco a rolagem da dívida pública.
"Não queremos que o George Soros, que  já se autointitulou especulador, abra uma poupança de US$ 20 milhões no Brasil e  diga: agora estou com meu dinheiro protegido no Brasil."
"O governo deve  criar um dificultador para o especulador que quiser vir para a poupança. O  ministro garantiu que não vai prejudicar o poupador de maneira alguma", disse o  deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o  Paulinho, após reunião ontem com Mantega. 
Como a discussão foi  contaminada pela pressão política dos partidos de oposição, contrários a mudança  nas regras das cadernetas, o governo recuou da solução técnica - a de vincular o  ganho da poupança à variação de, por exemplo, 65% da taxa Selic. Essa era a  proposta de consenso entre os técnicos do ministério da Fazenda e Banco Central.  No entanto, ela foi rejeitada pelo presidente Lula porque não contemplava a  diferenciação entre os pequenos e os grandes poupadores. 
A solução  paliativa é a redução do Imposto de Renda dos fundos de investimento, que pode  entrar em vigor imediatamente e não deverá enfrentar resistência dos partidos de  oposição. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, já disse que será difícil  alguém da oposição ser contra uma proposta que baixe o imposto dessas  aplicações, tornando-as mais competitivas.
"Mas os partidos de oposição  estão fechados com a ideia de barrar qualquer medida que prejudique os  poupadores. Portanto, se com essa medida vier algo que altere as regras das  cadernetas, não apoiaremos."
Atualmente, a tributação dos fundos ocorre  da seguinte forma: 22,5% para aplicações de até seis meses; 20% para aplicações  de seis meses a um ano; 17,5% de um a dois anos; e 15% acima de dois anos.  
FRASES
Paulo Pereira da Silva
Deputado  federal
"O ministro garantiu que não vai prejudicar o poupador de maneira  alguma"
Paulo  Bernardo
Ministro do  Planejamento
"Não queremos que o George Soros,  que já se autointitulou um especulador, abra uma poupança de US$20 milhões no  Brasil e diga: agora estou com meu dinheiro protegido no Brasil"
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